sexta-feira, 26 de junho de 2009

E428 - Serra para Esterno e Osso

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Eu respiro fumaça preta.

Quando eu ando, o asfalto e o concreto derretem.

As plantas secam.

Os animais morrem.

O céu racha.

A terra treme.

A água seca.

O ar queima.

O espírito evanesce.


Eu odeio o cheiro de plástico queimado que sai de todas as coisas.

Eu odeio o barulho de eco gravado que elas fazem.

Eu odeio o jeito suspendido e lerdo como elas se movem.

Eu odeio as cores vazias que elas emitem.

Eu odeio o jeito como se debatem na própria escuridão, como baratas sem cabeça.

Eu odeio suas vontades e suas nescessidades, seus momentos e seus planos.

Eu odeio seus dentes e seus risos. Odeio suas lágrimas e suas razões.


Não são pessoas. São coisas. E eu odeio cada uma delas. Cada pequeno detalhe. E eu me esforço para enchergar cada pequeno detalhe, até o menor deles, quase uma presiciência. Só para odiar cada vez mais.


Meu ódio queima. E eu respiro fumaça preta.


Sua vida? Não te pertence.

Tudo o que você sente? Não é seu.

Tudo o que você pensa? Não é original. Nenhum detalhe.


Cada sentimento, cada sensação, cada visão, cada momento, cada TUDO.


É tudo meu.


Eu dei um pedaço da minha vida à vocês. Mas eu ouço agradecimento?

Eu dei meu coração à vocês. Mas alguém se lembra?


Eu emprestei minha vida à vocês. E vocês, seus vermezinhos nojentos, nunca me agradeceram. E pior. Fizeram como se fosse de vocês.


E eu odeio vocês por isso.


Se debatem fingindo não lembrar que são cegos. Fingindo não entender a sua dor (que é MINHA!) com suas lamentações vazias e arrastadas. Com suas dúvidas e seus desesperos ridículos . Suas patéticas “sabedorias”. Um bando de pobres coitados sem colhões, sem fibra e sem aço! Um bando de coisinhas covardes desperadas pela primeira forma de escapismo que conseguirem, se viciando em praticamente qualquer coisa que possa corroborar essa visãozinha distorcida que vocês tentam desesperadamente manter. Viciados em mentiras e fantasias.


Eternamente sozinhos.


Eu odeio ter que ser vocês.


Eu odeio.